quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Armário, mala e leveza

Hoje eu aproveitei a manhã pra arrumar meu armário, tirar as coisas velhas e preparar tudo para a mudança. Eu e minha mãe estamos saindo do apartamento no guará onde passei toda minha infância. Não tenho grandes nostalgias apesar de ter feito muitos amigos e ter tido uma infância muito cheia de vida aqui. Não tenho do que reclamar, com certeza. No armário a maior parte das coisas era papéis e recibos que só tiveram que ser agrupados e destinados, seja ao lixo ou às pastas, mas no meio desses papéis existiam mais coisas também: fotos, cartões, presentes, textos, lembranças, pessoas, sentimentos. Revisitei diferentes épocas da minha vida, épocas que trouxeram de lugares, coisas, mas principalmente de pessoas, como sempre é. Minha vida sempre foi marcada muito mais pelas pessoas que me cercam do que por acontecimentos em si. De tudo que achei, guardei algumas coisas no baú das coisas sentimentais que tenho (literal e fisicamente), quebrei um porta-retrato antigo e me arrependi, mas foi tarde. Sem problemas. Li coisas escritas em diferentes épocas, por mim e por outros. Fiquei nostálgico. Fiquei com raiva. Fiquei triste. Coloquei Los Hermanos pra tocar. Fiquei ainda mais nostálgico."Quem é mais sentimental que eu?". Terminei de arrumar as coisas e vim escrever esse texto. Até agora as lágrimas se contentaram em apenas vir à superfície para olhar, mas não quiseram sair. Elas rolam dentro de mim, mas não é de tristeza nem de algo que eu consiga explicar. Acho que é só a soma de tudo que, não sabendo expressar de melhor forma, meu corpo tenta exprimir em choro. Toda essa bagagem eu não precisava revisitar, pois ela faz parte de mim, faz parte de quem eu sou hoje, coisas boas e ruins, qualidades e defeitos. É minha mala que carrego todo dia e às vezes peço ajuda pra carregar, quando ela pesa um pouquinho mais.

"Não solta da minha mão. Não solta da minha mão."

Hoje algumas pessoas dessas épocas continuam comigo, outras não, novas chegaram, algumas já foram, sentimentos, lembranças, experiências. Hoje eu vivo algo novo. A mala ainda pesa às vezes, mas tem quem me ajude a levar. A idéia de crescer, de virar um adulto, sempre me assustou e ainda me assusta, porque eu não sei o que isso significa. Eu sempre tive medo de deixar de ser quem eu sou pra virar um alguém mais sério, menos aberto, carrancudo. Ela nem sabe, mas me faz entender que não é bem assim. Que o mundo vai me transformar sim, mas que isso não é algo ruim, que sempre há espaço pra mudar e que a mala que eu levo tem muita bagagem boa, mas tem muita coisa pra trocar. "Esse é só o começo do fim da nossa vida". Eu tiro algumas coisas e vou colocando outras novas na mala. A troca não dói nem pesa. Pelo contrário. A mala me parece mais leve a cada dia, por mais que eu insista em colocar meus pesos nela. Ela é leve e me traz leveza. "Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?" Eu também não entendo, mas é assim que é e é bom.

:')

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Journal #1

Na mesa de jantar na cozinha apertada, ainda estão as panelas mornas em cima da mesa, junto com os pratos sujos de uma refeição bem feita. Eu e meu pai os únicos homens ao redor da mesa que ainda contava com quatro mulheres, minha vó, mãe de meu pai, e três tias.
Eu já não estava com muita paciência com meu pai, que vinha bebendo quantidade suficiente de cerveja nos últimos dias pra me deixar fora do sério, e ele ainda vinha me pegando pra vocativo nas suas conversas monólogas com outras pessoas, me explicando desde as coisas mais óbvias para um jovem adulto de 22 anos até coisas que visivelmente ele não dominava, mas como sempre, fazia acreditar que dominava até que alguém o contradissesse.


Parênteses.
Quando menor, esses monólogos e explicações intermináveis já tinham me prendido a atenção por várias horas e claro que a admiração que eu tinha por meu pai ia ao máximo nessas horas, mas o tempo passa, a gente cresce e vai entendendo mais as coisas e vai conhecendo os pais que tem. A admiração não acaba, mas com certeza vai ficando mais localizada naquelas coisas que são realmente admiráveis pra você.
Fecha parênteses.


Não bastasse os monólogos do meu pai, minhas tias falavam alto e as disputas de ego e da atenção da mãe, do irmão mais velho e do sobrinho distante, tornavam aquele ambiente basicamente insuportável pra qualquer jovem adulto de 22 anos rabugento e com sono, ou seja, eu. No meio desse conversê atropelado, em algum momento a nostalgia surgiu e as fotos antigas vieram parar em cima da mesa, de onde os pratos e panelas já tinham sido retirados.
Fotos do avô que nunca conheci me foram mostradas e as opiniões divergentes a respeito da personalidade dele foram colocadas na mesa também, uma sobre a outra. Não consegui discerni-las. Várias fotos antigas me foram mostradas, nomes que nunca tinha ouvido falar me foram ditos, Tio Adão, Tia Eloá, Primo Lero Lero, etc... Tudo isso passou praticamente desapercebido na minha mente cansada e sem paciência, até que eu peguei na mão um retrato de meio corpo do perfil de uma menina/mulher (quem sabe dizer nas fotos preto e branco?!) muito bonita. Com cabelos ondulados castanho claros (tonalidades de preto, eu sei), pele branca e bem lisa, ela me deixou hipnotizado. Com a foto na mão, perguntei pro meu pai quem era aquela menina, ao que ele me respondeu "É a Tia Gorgonzola*". Eu olhei espantado pra tia Gorgonzola da vida real, que agora com seus 50 e poucos anos já não carregava consigo os traços daquela beleza da juventude e também não carregava o espírito que minha imaginação imbuíra naquela garota da foto. Não, a tia de hoje resmungava sobre a colega de profissão que não era tão boa quanto ela, que nós não tínhamos ido visitá-la em sua casa e que ela não se aposentaria no ano seguinte.
Não pensei nisso na hora, mas penso agora: quem sabe aqueles tantos tocos daquelas lindas meninas ao longo da minha ainda não longa vida não foram para o bem, né!?!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Poemete mimético

Amplos e complexos são os amplexos
Laços também chamados de abraços
Doam-se dois corpos, meros espectros
Doa-lhes a vida, mais alguns passos.




Eu não entendo de poesia, não sei o que é mimético, mas quis brincar de fazer rima e taí. Sem pretensões.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Abraço

Abraço bem dado é aquele dado com dois braços, peito contra peito, dado de um jeito que, querendo ou não, você sente o cheiro da pessoa e troca o seu com o dela.

O resto?! O resto é um braço, um tapinha nas costas o esquecimento e mais nada.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

De sonhos dados

Não acho que esse post seja um dos meus melhores, mas é algo em que eu estava pensando há algum tempo atrás e me veio à cabeça agora de novo, então resolvi compartilhar.

Pra variar, falo mais uma vez sobre relacionamentos. Principalmente de namoro, mas creio que uma parte se aplique a amizades também. Sendo direto, eu não acho que relacionamentos sobrevivam só de verdades. E não, não estou falando pra você mentir para sua namorada e para seus amigos! O que estou falando é que vocês dois tem que se permitir mentir juntos, os dois vivendo a mesma, hm, "mentira". Me explico.

Casais que simplesmente vivem suas vidas de fato, só pensando naquilo que é visto como possível para ambos, sendo totalmente pé no chão (é esse o ponto) vão acabar vivendo uma vida sem surpresas. Não digo que não possa ser legal! Claro que pode, afinal o casal pode ser muito "centrado" e mesmo assim saber se aproveitar.

Mas ainda assim eu acho que falta uma coisa. Falta o sonho!!
É isso que eu estou tentando falar. É importante que o casal sonhe junto, por mais ridículo, improvável e até impossível que pareça. É ué, afinal, eu sonho em casar com a Natalie Portman e pegar a Angelina Jolie quando a Nath (sou íntimo) viajar. Improvável?! Impossível?! Provavelmente sim, mas o que seriam dos sonhos se eles fossem completamente possíveis? Qual seria a graça?
Pois então, o mesmo serve para relacionametos, a meu ver. Que importa se você tem 16 anos e namora a um ano com uma menina da sua idade e ela chega pra você depois daquele dia magnífico, sentados na beira do lago vendo o por do sol e diz:

Menina - Eu te amo tanto! A gente vai casar e ser feliz pra sempre juntos né!?

Você vai chegar pra ela e dizer:

Rapaz "centrado" - Po, a gente tem só 16 anos, eu só quero casar depois de 28, então acho que a gente não vai casar não. Não conheço ninguém que namorou tanto tempo.

O exemplo pode ser esdrúxulo e vocês, claro, podem discordar até da idéia central, mas eu digo: Permita-se acreditar nesse casamento. Naquele momento vocês se amam e acreditam naquele amor, certo? Então deixe a racionalidade de lado um pouco e responda com o coração! Vai que, incrivelmente vocês ficam juntos até lá e casam? Difícil?! Talvez. Mas impossível com certeza não.

Por fim, acho que já deu pra sacar o que eu quis dizer. Brinque, sonhe, acredite, mesmo que por um só momento no improvável e no impossível. A vida fica mais leve assim.

Frase do dia:
"Quem mantém os dois pés no chão não sai do lugar"
-Tor Age Bringsvaerd

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Afeto vem de afetar

Às vezes eu tenho a impressão de que faço tudo errado. Explico:
Tem matérias que eu estudo pra caramba e minhas notas são medianas, enquanto existem matérias que eu só acompanho as aulas, ou nem isso, e minhas notas são boas.
Outro exemplo:

Existem pessoas com as quais me relaciono que eu, em certa medida, não me preocupo em fazer feliz ou em não magoar e tal. Eu simplesmente me relaciono com elas e, em sua esmagadora maioria, elas estão felizes ao meu lado ou, pelo menos, não estão tristes. Por outro lado, existem aquelas com as quais eu me preocupo. São pessoas queridas que, cada uma à sua forma e medida, carregam consigo um pedaço do meu coração enxertado(?) no delas. São as pessoas que quando estão felizes te fazem esquecer suas tristezas pelo contentamento de vê-las sorrindo. E são as mesmas que te derrubam com uma lágrima ou apenas uma feição triste, mesmo quando você está nos seus dias mais felizes. Com elas a coisa muda. Parece que por mais que eu me esforce pra vê-las felizes, por mais que eu tente não magoá-las, a coisa vira toda e o resultado é justamente o oposto do almejado. As minhas ações me traem e, quando penso estar agindo da forma correta, PÁ! vêm à tona os resultados: O que era espaço vira distância; o que era consolo vira esmola; o que era preocupação vira intromissão...

Eu escrevo isso principalmente como um pedido de ajuda, com as pessoas, claro! Pouco me importam minhas notas! Eu não quero é ser o motivo de chateação daqueles pessoas com as quais me preocupo. Quero simplesmente que elas sejam felizes.

Se alguém souber o que fazer, por favor, me diga! E não se preocupem. Eu estou bem. Quem não está são as pessoas ao meu redor.

Fuck that shit!

Eu odeio minha insegurança e minha autopiedade e odeio ainda mais o fato de não conseguir me livrar de nenhuma delas.



Ainda.